Os dias em que vivemos não são os mesmos que nossos pais e avós viveram. Lembro de meu pai me perguntando o que você quer ser quando crescer: Desenhista disse eu. Meu pai me ajudou muito pois além de me incentivar me matriculou em cursos de desenho técnico, desenho mecânico, desenho arquitetônico, artes, pintura dentre outros, nunca faltou incentivo.
Ao crescer me tornei economista, me especializei em inovação e criatividade, em gestão de pessoas e gerenciamento do tempo. Estudei liderança, gestão de empresas comportamento e inteligência emocional. E posso dizer que muito do que aprendi nos cursos de desenho me ajudam até hoje, embora nunca atuei na área.
Porque eu comento isso? Porque naquele tempo tínhamos um ideal e sabíamos por que estávamos fazendo o que estávamos fazendo. Hoje em dia se você perguntar para seu filho adolescente o que ele quer ser quando crescer, muitos irão dizer: Não sei, outros vão dizer que é cedo para pensar nisso e vão dizer que querem ser youtubers, (nada contra), apenas realçando que basta ter uma fonte de renda.
O fato é que hoje as pessoas têm dificuldade de tomar decisões, dificuldade de lutar pelo que deseja e principalmente um alto índice de distrações que o tiram da rota do sucesso. Precisamos mudar, mas para isso temos de mudar alguns hábitos que fatalmente nos levarão a ficar submissos a vontade política e aos interesses dominantes.
Esta mudança precisa partir de nós, nós temos o poder para mudar. Mas será que queremos mudar? O que me parece é que em sua maioria os brasileiros esperam que seus líderes façam as mudanças e quando essas mudanças não forem do agrado da população então sim a população iria apontar os erros e esperar novamente as melhorias. Infelizmente não acontece isso, o que acontece é que nossos dirigentes provocam sim mudanças… mas aquelas que são interessantes a eles e nem dão bola para as vontades do povo. Eles, os dirigentes, sabem que o povo só vai realmente fazer alguma coisa quando sua liberdade for cerceada.
No filme Capitão América 2 tem uma passagem onde são apresentados às premissas básicas da Hydra ( Organização criminosa totalitária em busca de conquistar a paz mundial, o nome do seu líder e criador era Caveira Vermelha).
Para esta organização criminosa a paz mundial é possível sim, contanto que o poder esteja sob seu controle. No filme o vilão comenta que a Hydra no passado (Capitão América 1) tentou conquistar o mundo com o uso da força, mas quando as pessoas perceberam que iriam perder sua liberdade elas reagiram e o plano não deu certo.
Depois disso perceberam que só tem uma coisa que as pessoas querem mais do que a liberdade, é a segurança. Então o plano da Hydra foi, ao longo dos anos e da história criar caos, plantar mentiras, brigas, revoluções e mostrar ao mundo o quanto os seus líderes são impotentes para encontrar a paz. A ideia então foi criar tanto caos no mundo que as pessoas ficariam dispostas a entregar sua liberdade em troca da segurança. Lógico que no filme o Capitão América consegue colocar água fria nos planos da Hydra.
Hoje estamos acompanhando algo muito semelhante acontecendo em nosso país, onde as pessoas não estão lutando pelos seus direitos, pela sua liberdade. Vemos as pessoas entregarem seus princípios, seus propósitos, seus sonhos e sua liberdade por migalhas, entregues em troca de votos, de empregos de mentira, de auxílios.
Nós cidadãos vivemos em meio a informações vindas de todos os cantos, algumas tão absurdas que é nítida a intenção nefasta do seu interlocutor, outras tão bem engendradas que facilmente aceitamos como verdadeira, até que outra pessoa nos mostre um outro ponto de vista e nos coloca dúvida em nossa capacidade de discernir sobre o que é verdadeiro ou não.
Decidimos emocionalmente, nos arrependemos racionalmente e esquecemos naturalmente e assim somos levados pouco a pouco para o campo da troca, vamos aos poucos esperando opiniões contrárias, pontos de vista diferente, aceitamos os diversos pontos de vista, não temos mais opinião própria, compramos a opinião de alguém e por fim por mais verdadeira que seja, deixamos de acreditar em qualquer verdade.
Por fim reclamamos das mudanças mas aceitamos, perdemos direitos mas não buscamos recuperá-los, aceitamos bolsas e não queremos trabalhar. Enfim nos tornamos dependentes do sistema, entregando então nossa vida, nossa energia, nossos sonhos, nosso uniforme, nosso escudo e nossa bandeira.
Onde está o Capitão América? Talvez ele esteja dentro de nós, e talvez nós necessitemos passar por uma experiência que nos permita crescer politicamente, que nos permita lutar pelo certo, que nos permita colocar para fora de nós este super herói. Talvez seja verdade que ele não exista, mas nesse caso o Caveira Vermelha vai vencer esta batalha.
Onde está o seu Capitão América?
